COMPROMISSO

Fico muito triste ao ver a falta de comprometimento de muitas pessoas que simplesmente "copiam", fatos e história de outros sites/blogs, sem nenhuma responsabilidade.
Não sou historiadora, sou uma "curiosa", mas isso não me impede de consultar, pesquisar e averiguar da melhor forma possível os dados que posto neste blog.
Tento ser o mais fiel possível á verdade e tudo que foi postado, independente de ser originário de uma revista, internet ou livro, foi pesquisado... Inclusive por isso há uma demora de novas postagens...
Não tenho interesse de colocar qualquer coisa para fazer volume... tenho um compromisso com o meu conhecimento, e mais do que um simples blog que une gastronomia e história, faço deste um depósito de conhecimento.
Deixem opiniões, críticas, sugestões e conhecimento...
Obrigada

segunda-feira, 9 de maio de 2011

A HISTÓRIA DO GARFO

O garfo já era conhecido em 600 a.C. Os primeiros garfos possuiam apenas dois dentes de pontas afiadas e até a idade média, só eram usados para servir comida.
Até ao século XI praticamente toda a gente comia com as mãos. Nessa altura, o grau de finesse media-se pela quantidade de dedos que se usavam para levar os alimentos à boca, e assim foi. A partir dos tempos romanos, as pessoas de boa criação não sujavam nunca o dedo anular nem o mindinho,socorriam-se apenas de três dedinhos...
 “Que os plebeus metam a mão. Nós, nobres, tocaremos os manjares somente com três dedos... Assim!”
Registra-se a chegada do garfo na Europa, em Veneza, em meados do século XI. A princesa Teodora, filha de Constantino VIII (Imperador do Oriente), que veio de Constantinopla para casar com o Doge (do latim DUX “chefe”, o doge era o dirigente máximo) de Veneza Domenico Selvo trouxe um garfo de ouro com dois dentes, que usava para espetar alimentos.
Este primeiro garfo da história causou a maior polêmica... Ao chegar a Veneza, foi considerado pecaminoso pela Igreja Católica. Muitas pessoas o consideravam demoníaco por sua forma lembrar o "forcado" (Com o qual o Diabo aparece na iconografia clássica). Criticavam igualmente a função do garfo. Afirmavam que o alimento, dádiva de Deus, devia ser levado à boca diretamente pelas mãos do homem, sem a intermediação de utensílios.
Os Padres diziam que só os dedos humanos, criados por Deus, são dignos de tocar os alimentos e que os filhos de Deus não precisavam de nenhum garfo.
São Pedro Damião (1007-72) não teve nenhuma piedade da pobre princesa Teodora , que usava garfo e cercava-se de refinamento, tentando tornar mais gentis as maneiras do Ocidente: "Não tocava os acepipes com as mãos, mas fazia com que os eunucos lhe cortassem os alimentos em pequenos pedaços. Depois mal os saboreava, levando-os à boca com garfos de ouro de dois dentes.” A morte terrível da jovem mulher, cujas carnes gangrenaram lentamente, foi vista como uma justa punição divina para tão grande pecado. Ele inclusive escreveu um panfleto com o título "Da esposa do doge veneziano, cujo corpo, por sua delicadeza excessiva, apodreceu inteiramente e se desfez".
E o garfo continuou proibido. Durante mais cem anos, este utensílio se manteve como uma novidade escandalosa. Em Veneza, em um banquete, uma mulher nobre comeu com um garfo fabricado segundo seu próprio desenho. Atraiu a ira dos clérigos presentes. A mulher morreu poucos dias depois, provavelmente por causa de uma epidemia reinante na cidade. Mas os clérigos difundiram outra versão: “Castigo divino por seu excessivo refinamento ao comer!”
O garfo é descoberto oficialmente pelo restaurante La Tour D` Argent, e introduzido na Europa a partir do século XV, na Itália..
Pouco depois a população dessa cosmopolita cidade da época assimilou o garfo. Esse costume se espalhou para Milão e Florença e daí para o resto da Europa. O talher já era bem conhecido na Itália do século XV.
No século XVI, os italianos passaram a utilizá-los na mesa, mas com dentes menores, para diferenciá-lo dos garfos de cozinha. A cozinha era o lugar dos serviçais, que comiam com a mão, e não dos nobres...
Foram muitas as tentativas de se introduzir o talher nas mesas aristocráticas... Em Paris, a novidade também chegou no enxoval de uma mulher. No século 16, o garfo ainda não era mais que uma curiosidade italiana, decorativa e custosa (pois normalmente era feito de prata ou ouro), Catarina de Médici, italiana, ao casar com o futuro rei da França, Henrique II, chegou ao país do noivo com o talher completo. O garfo já era de uso corrente na Itália, porém na França, as pessoas o receberam com frieza. A população o considerava uma sofisticação desnecessária e os cozinheiros diziam que seu metal interferia no sabor dos alimentos.
Henrique III, filho de Catarina de Médici atrapalhou a introdução do garfo na França... ele, que se tornou apóstolo do garfo, vivia cercado de rapazes bonitos e se interessava pouco por mulheres sua iniciativa foi recusada no país sob a suspeita de ser “afeminada”, logo, os homens que o usavam eram apelidados de afeminados. Henrique III introduziu o garfo individual (antes disso os garfos eram divididos entre as pessoas).
Este protótipo, considerado inicialmente uma heresia, foi, pouco a pouco, sendo adotado por membros da nobreza e do clero.
Mas esse hábito demorou a convencer a população em geral: somente por volta de 1620 é que o espeto com dois dentes chegou à mesa do povo!
O garfo era absolutamente desnecessário enquanto as mãos e facas pontiagudas cumpriam a função de levar o alimento à boca; a necessidade já estava sendo atendida. Entretanto, o desejo pela distinção social levou à utilização dos garfos na mesa.
Os garfos se mantinham como algo tão estanho que um popular manual de etiqueta julgou necessário dar este conselho: “Não tente comer a sopa com um garfo”.
No século 17, Thomas Coryat, famoso viajante inglês, surpreendeu-se ao descobrir o garfo na Itália. Em Londres, até aquela época, ainda se comia com as mãos.
Somente no século 18 o uso do garfo se generalizou na Europa. A nobreza francesa, em seu afã de distinguir-se dos revolucionários que pregavam a igualdade de classe, incrementou seu uso.
O garfo converteu-se, desde então, em símbolo de luxo e categoria. Até os padres começaram a usá-lo e defendê-lo. O garfo, antes excomungado, agora estava permitido. E o que era proibido agora era tocar a comida, mesmo que fosse com três dedos. 
Em Portugal o uso começou em 1836 com a Rainha Maria II, filha de Dom Pedro I do Brasil, quando seu esposo Fernando II de Portugal (Fernando de Saxe-Coburgo-Gota) a convenceu a usar o novo talher. Entre sua introdução na Europa e o final do século XVII surgiu o terceiro dente. Outros registros indicam que talher completo só se popularizou no restante da Europa no início do século 19. Isso ocorreu graças à revolução dos napolitanos, ou melhor, dos fios do espaguete, que acrescentou o quarto dente ao garfo. Ele teria surgido na segunda metade do século XVII para atender ao Rei Fernando II das Duas Sicílias (Fernando de Bourbon), o qual não gostava dos fios longos de espaguete escorregarem nos garfos de três dentes
No século XIX, a sofisticação da burguesia era tamanha, que os jogos de talheres incluíam dezenas de peças especializadas, dentre as quais, haviam pelo menos quatro garfos diferentes. Nem todas as peças especializadas eram mais úteis, mas seu uso num jantar demarcava o status social dos anfitriões.
No Oriente eles são substituídos pelos pauzinhos que seus inventores, os chineses, chamam de kuai-tzu, enquanto os japoneses preferem denominá-los de hashi.

BIBLIOGRAFÍA
Charles Panati, Las cosas nuestras de cada día, Círculo de Lectores, Barcelona, 1990.
Frugoni, Chiara. Invenções da Idade Média, óculos, livros, bancos, botões e outras inovações geniais. Ed. Jorge Zahar, 2007.
Carson I.A. Ritchie, Comida e Civilização, Ed. Assírio & Alvim, 1995
Fonte : Wikipédia.
Fonte: internet.